12 de abr. de 2015

Vício Solitário


A prática do onanismo entre alunos de internatos era uma preocupação e objeto de estudo de muitos médicos no século XIX. Para eles, a vida reclusa contribuía para propagar e agravar a prática das “manobras secretas” entre os meninos e as meninas. Para reprimir o “terrível inimigo” entre os colegiais, os médicos indicavam um conjunto de “regras higiênicas” direcionado aos diretores dos colégios, aos professores e às famílias, já que consideravam a masturbação como capaz de causar ou contribuir para o aparecimento de doenças como a tuberculose e a epilepsia. A chegada do século XX não fez desaparecer o alardeio repressivo contra a prática da masturbação entre internos de colégios, entretanto, já haviam médicos que discordavam dessa tese dominante.Nos internatos, dali para frente, a perseguição ao onanismo seria fundamentalmente religiosa.

10 de abr. de 2015

Gueixas

Gueixa ou geisha, em japonês, são mulheres formadas tradicionalmente, neste país, nas artes musicais, na dança e nas irresistíveis habilidades de atrair e cativar um homem. No Japão as esposas não participavam dos eventos públicos, portanto estas representantes do sexo feminino podiam substituí-las e exercer o papel da acompanhante masculina que recebe os convidados. Desta forma, pode-se afirmar que elas não praticam a prostituição; podem até cortejar, mas geralmente não ultrapassam esta fronteira e se negam a discutir a questão sexual. Discorrem praticamente sobre qualquer tema com o mesmo desembaraço com que dançam, cantam e encantam o gênero masculino. A própria expressão ‘geisha’ tem o sentido de ‘pessoa que vive das artes'. Eram bem remuneradas por seus clientes, para que cumprissem todos os seus desejos, com exceção da prática sexual, proibida inclusive por decretos governamentais. Mas, no fundo, cabia a cada gueixa optar por relações mais íntimas com um homem ou não. Nos séculos XVIII e XIX o ofício das gueixas estava no auge de suas realizações; hoje as mulheres optam voluntariamente por este caminho, como se estivessem escolhendo qualquer outra profissão.

5 de jun. de 2014

O Nascer do Sol


Uma possível tumba da época medieval na praia de Benquerencia (Espanha). Arqueólogos consultados foram unânimes em afirmar que a pedra foi talhada pela mão do homem e descartaram a possibilidade de que se trate de uma depressão natural na rocha. A tumba tem 1,60 m de comprimento e entre 40 e 50 cm de profundidade, medidas que coincidem com as deste tipo de sepultura. Outro dado que corrobora a opinião dos arqueólogos é a própria orientação da tumba, pois estas covas medievais estavam normalmente orientadas no sentido oeste-leste, para que "os mortos olhassem diariamente para o nascer do sol".

14 de mai. de 2014

A Escravidão entre Africanos


Durante os três impérios medievais do norte da África (séculos X a XV), o comércio de escravos foi largamente praticado. A escravidão na África apresentava significativa diversidade, sendo aparentemente maior em sociedades mais urbanizadas, variando em comunidades agrícolas ou pastoris e representando um incremento de força de trabalho, poder e riqueza para os chefes das famílias aldeãs. A presença de escravos nos exércitos e em cargos de confiança diminuía a dependência dos governantes de suas respectivas aristocracias, contribuindo para a centralização e aumento de seu poder. A maioria dos escravos vivia em suas próprias casas com a família. Assim, o mestre era obrigado a prover seu escravo com alguma extensão territorial cultivável na qual ele poderia trabalhar por conta própria e lhe era permitido um ou dois dias livres na semana onde poderia trabalhar em sua terra ou em qualquer outra ocupação remunerada, ao invés da trabalhar na fazenda de seu senhor.

13 de mai. de 2014

Filatelia Nazista


Selos nazistas comemorativos aos heróis da guerra, ao "putsch" de Munique, à Juventude Hitlerista etc. Tecnicamente falando, apesar de terem se passado mais de 70 anos, a qualidade do material, a impressão, o desenho e as cores vibrantes são exemplos para a filatelia até os dias de hoje.

1 de mai. de 2014

O Império Sassânida


Foi o último império persa anterior a chegada do islamismo e à conquista muçulmana na região. Considerado por diversos historiadores como o auge da civilização persa, era uma grande nação multicultural, numa mistura de elementos helênicos, persas (principalmente na religião, o Zoroastrismo) e partas (com seus principais governantes de origem de tribos nômades das estepes asiáticas, influenciando em demasia o armamento bélico). Na foto, dois arqueiros sassânidas.

30 de abr. de 2014

Um clássico


Entre 1318 e 1325, Jacques Fournier atuou como inquisidor junto aos habitantes de Montaillou, pequena aldeia pirenaica e anotou tudo o que conseguiu extorquir aos seus inquiridos acusados de heresia. A partir desses registros, Le Roy Ladurie construiu esta obra exemplar, em que a História e a etnografia se fundem num ciclo orgânico, mas a que não falta a vivacidade da pequena história local

Hobsbawm


28 de abr. de 2014

O Fusquinha e o Nazismo


Ao lado da ambiciosa campanha de construir uma rede de auto-estradas e um número menor de vias expressas em toda a Alemanha, o projeto favorito de Hitler era o desenvolvimento e a produção em massa de um veículo barato, porém veloz, que poderia ser vendido por menos de 1000 marcos (cerca de 140 dólares à época). A fim de desenvolver o projeto deste “carro do povo”, Hitler chamou o conhecido engenheiro automotivo austríaco Ferdinand Porsche. Em 1938, numa concentração política nazista, o Führer declarou: "É para as grandes massas que este carro foi construído. Seu propósito é atender às necessidades de transporte e temos a intenção de dar essa alegria ao povo."

26 de abr. de 2014

Revolução dos Cravos faz 40 anos


Em 25 de abril de 1974, desabrochava em Portugal a Revolução dos Cravos, ação liderada pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) e que depôs o regime ditatorial do Estado Novo, criado por Antônio Salazar em 1933. Com a adesão em massa da população, a resistência do regime, enfraquecido militarmente, foi praticamente nula. A população distribuiu cravos vermelhos aos soldados, que os colocaram nos canos de seus fuzis, transformando a flor no símbolo da Revolução de 25 de Abril, como também é chamada.

8 de nov. de 2013

Foucault para todos



Michel Foucault é conhecido pelas suas críticas às instituições sociais, especialmente à psiquiatria, à Medicina, às prisões e, por suas ideias e da evolução da História da Sexualidade, as teorias gerais relativas à energia e à complexa relação entre poder e conhecimento, bem como para estudar a expressão do discurso em relação à História do pensamento ocidental. Nesse site do grupo de estudos foucaultianos, todos os livros do filósofo francês estão disponibilizados para download gratuito, assim como livros de comentadores e leituras introdutórias."

http://geffoucault.blogspot.com.br/p/livros-para-download.html

5 de nov. de 2013

Isso foi no Brasil


Romaria ao Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, Crato-CE. Ali, em 1937, ocorreu o primeiro registro de bombardeio militar a civis pela FAB no Brasil. Realizaram-se ataques aéreos e terrestres pela FAB, Exército e PM do CE a uma comunidade acusada de comunista apenas por produzir e dividir coletivamente algodão, frutas diversas, ferramentas, etc. Os registros oficiais apontam apenas 400 mortos, mas calcula-se que foram mais de 1000, muitos decapitados ainda vivos. Como os viventes da comunidade usavam preto em luto pela morte de Pe. Cícero Romão Batista, vários outros moradores da Chapada do Araripe foram confundidos e mortos. O beato Zé Lourenço, fundador da comunidade, conseguiu escapar junto a um mísero grupo e morreu anos depois em Pernambuco, vítima de peste bubônica. Atualmente, 47 famílias revivem o sonho coletivo de produção num sítio a 37 km do centro do Crato. No local encontram-se 47 casas, sendo que 44 de alvenaria e uma escola. As famílias residentes mantém uma horticultura orgânica e uma lavoura para abastecimento próprio.

13 de dez. de 2012

Execução


Tropas da SS na frente russa. Essa foto foi enviada para a Alemanha, mas interceptada pela guerrilha polonesa em Varsóvia. No seu verso encontrava-se a inscrição: "Ukraine 1942, Jewish Action - Operation: Ivangorod."

3 de dez. de 2012

A História de Elza



Elvira Cupelo, codinome Elza. Presa em 1936, meses após a Intentona, foi posta em liberdade e sobre ela caiu a suspeita de haver delatado dirigentes comunistas capturados. Ficou em "prisão domiciliar" decidida pelo PCB; tribunal constituído pelo partido decidiu sobre sua morte, mesmo sem comprovação de que pudesse ter denunciado ou soubesse dos locais onde outros dirigentes estavam escondidos. Como o justiçamento não era executado, Prestes em um bilhete de próprio punho exigiu o cumprimento da "pena", em seguida executada de forma bárbara, por estrangulamento com fio, tendo seu corpo sido partido e enterrado no quintal da casa onde estava.

Recomendação do dia: O livro "Elza, a garota", de Sérgio Ricado, Ed.Nova Fronteira, um livro indispensável para quem não conhece a tragédia da garota Elza e para quem a conhecia apenas de ouvir falar.

18 de nov. de 2012

Greve na Fábricada Citroen - 1938 - França


Em março de 1938, o fotógrafo Willy Ronis foi cobrir uma greve na fabrica da Citroën-Javel para a revista "Regards". De volta à sua casa, fez uma rápida seleção das fotografias e as enviou para a revista, deixando de lado a imagem publicada acima. Somente em 1980 Willy Ronis, revendo todos os seus negativos, redescobriu esta foto e decidiu publicá-la no jornal l'Humanité. Alguns dias depois, Willy recebeu uma carta de Rose Zehner, que se reconheceu na fotografia. Assim começou uma troca de correspondências entre eles. Rose, que ficou órfã aos 9 anos de idade, tornou-se operária e sindicalista ainda muito jovem, onde era conhecida como “o lobo branco”. Em 1982, quarenta e quatro anos depois, foi organizado e filmado o encontro entre os dois num antigo bistrô próximo à fabrica.

10 de jul. de 2012

A Guilhotina Inglesa


Ao contrário do que se pensa, a guilhotina já existia antes da Revolução Francesa. No século XVI, em Halifax - Inglaterra, foi criada a chamada "máquina de decapitar", como uma alternativa à execução pela espada ou pelo machado. A decapitação era uma punição bastante comum na Inglaterra, mas o caso de Halifax parece ter sido único devido à utilização dessa máquina até meados do século XVII, executando ladrões que fossem presos por roubo de mercadorias que valessem mais de 13 pences. Em 1650 a opinião pública considerou a decapitação uma punição excessivamente severa para pequenos furtos e a estrutura foi desmontada. A base da pedra foi redescoberta na década de 70 e uma réplica não funcional erguida no local. Os nomes de 52 pessoas que se sabe terem sido decapitadas pelo dispositivo estão listadas em uma placa nas proximidades.

21 de abr. de 2012

A Muralha de Adriano


O imperador Adriano visitou a Bretanha durante o verão de 122 de nossa era, após uma revolta ter eclodido no norte e o exército romano ter sofrido pesadas perdas para reprimi-la. Adriano decidiu, então, adotar uma solução radical: construir uma muralha para separar "os romanos dos bárbaros", o que de fato ocorreu, seccionando o norte da Inglaterra da Escócia. A muralha de Adriano tinha altura inicial de 3 a 5 metros. Para protegê-la, 14 fortes foram posicionados em toda sua extensão, além de 80 torres militares. Ao longo de uma linha de colinas e penhascos ligando o mar do Norte ao mar da Irlanda, de Newcastle a Carlisle, a muralha de Adriano, guardada por 18 mil homens, provou sua eficácia durante mais de três séculos. Assim foram repelidos os ataques dos "bárbaros" escoceses em 180, 196 e 197. No início do século V, o Império Romano em declínio negligenciou essa fronteira longínqua. Relegada ao abandono, a obra virou um gigantesco depósito onde as pessoas iam recolher pedras para a construir suas casas ou igrejas.


7 de nov. de 2011

A Praça Mauá






A Praça Mauá era de início um grande alagadiço - a Praia de Nossa Senhora, que depois ficou sendo conhecida como "Prainha" - o principal ancoradouro das embarcações que do fundo da Baía traziam alimentos para a cidade. A área circundante da Praça Mauá, ainda que muito descaracterizada devido às inúmeras interferências até em sua topografia, ainda assim guarda alguns poucos sítios históricos do século XVI. Atualmente apresenta uma curiosa mistura: de um lado um bairro de boates e inferninhos existentes graças à proximidade do porto do Rio de Janeiro e do outro, oferece o maravilhoso Mosteiro de São Bento, símbolo do Barroco e marco da ocupação da cidade. O nome da praça decorre de homenagem ao Barão de Mauá, ou Irineu Evangelista de Souza, o maior empresário brasileiro no tempo do Império. Aliás, no centro da praça, existe uma estátua do barão, que ali era proprietário de um trapiche (armazém) e de vários negócios ligados à área portuária. Um importante edifício da Praça Mauá, é o chamado edifício do jornal "A Noite", com vinte e dois andares e construído no final da década de 30, possuindo um estilo Art Déco com formas classicistas e simétricas, inspirado nos antigos prédios de Nova York. Este edifício era um dos pontos mais badalados da cidade, tornando-se o centro das atrações na época áurea do rádio quando lá passou a funcionar a Rádio Nacional a partir de 1936. Com o atual processo de revitalização, redefinição urbanística e reaproveitamento da antiga área portuária do Rio de Janeiro, a Praça Mauá entrará em evidência novamente pois, como parte desses esforços, será construído no Pier da Praça Mauá um Museu do Amanhã, ou Museu do Futuro, projeto do arquiteto e engenheiro espanhol, Santiago Calatravia.

2 de nov. de 2011

Banquete à moda brasileira


Foi o "costume bárbaro" que mais impressionou os europeus que aqui chegaram no século XVI... A morte ritualizada e a deglutição eucarística dos cativos representava o ponto culminante de uma cerimônia, cujo objetivo quase único era a vingança. A vítima era capturada no campo de batalha e pertencia àquele que primeiro a houvesse tocado; triunfalmente conduzida à aldeia do inimigo, era insultada por mulheres e crianças (tinha de gritar "eu, vossa comida, cheguei!"). Após essas agressões, porém, era bem tratada, podendo andar livremente - fugir era uma vergonha impensável. O cativo passava a usar uma corda presa ao pescoço: era o calendário que indicava o dia de sua execução - o qual podia prolongar-se por muitas luas (e até por vários anos). Na véspera da execução, ao amanhecer, o prisioneiro era banhado e depilado; mais tarde, o corpo da vítima era pintado de preto, untado com mel e recoberto com plumas e cascas de ovos, iniciando-se uma grande beberagem de cauim - um fermentado de mandioca. Na manhã seguinte, o carrasco avançava pelo pátio dançando e revirando os olhos. Parava em frente ao prisioneiro e perguntava: "Não pertences à nação nossa inimiga? Não mataste e devoraste nossos parentes?" Altiva, a vítima respondia: "Sim, sou muito valente, matei e devorei muitos." Replicava então o executor:"Agora estás em nosso poder, serás morto por mim e devorado por todos." Para a vítima esse era um momento glorioso, já que os índios brasileiros consideravam o estômago do inimigo a sepultura ideal. O carrasco desferia então um golpe de tacape na nuca; velhas recolhiam, numa cuia, o sangue e os miolos - o sangue deveria ser bebido ainda quente. A seguir o cadáver era assado e escaldado, para permitir a raspagem da pele, introduzindo-se um bastão no ânus para impedir a excreção. Os membros eram esquartejados e, depois de feita uma incisão na barriga, as crianças eram convidadas a devorar os intestinos. Língua e miolos eram destinados aos jovens; os adultos ficavam com a pele do crânio e as mulheres com os órgãos sexuais. As mães embebiam os bicos dos seios em sangue e amamentavam os bebês. Os ossos do morto eram preservados: o crânio, fincado em uma estaca, ficava exposto em frente à casa do vencedor; os dentes eram usados como colar e as tíbias tranformavam-se em flautas e apitos.

17 de out. de 2011

Casamento Real


Em 1760, José II, filho mais velho da imperatriz austríaca Maria Teresa, protagonizou com uma princesa italiana, Isabel de Parma, o enlace matrimonial mais luxuoso de que se tem notícia. Celebrado em Viena e apesar de haver contado com um grande desfile de carruagens e um concerto, teve como principal destaque o banquete realizado após as bodas e que foi retratado por Martin van Meytens, pintor da corte. Na cabeceira da mesa encontram-se a imperatriz e seu marido Francisco; junto a eles estão os noivos e demais membros da família real, únicos que poderiam desfrutar das delícias preparadas. Sobre a mesa, se dispõe uma vasilha de ouro maciço, presente da família da noiva (nessas ocasiões mostravam-se porcelanas muito valiosas e decoradas, utilizadas apenas para exibição e não para consumo). O serviço de mesa não estava a cargo dos criados reais e sim de membros da alta nobreza, que consideravam uma honra trabalharem como garçons ou copeiros (vários deles usam vestidos negros, de tradição espanhola, contrastando com com a moda francesa dos demais). A refeição era feita acompanhada por músicos que interpretavam a "Tafelmusik", música de mesa, sendo que a apresentação de cada prato era anunciada por um repique de sinos. Finalmente, quanto à assistência, era livre; os banquetes eram cerimônias públicas às quais podiam assistir praticamente qualquer cidadão, contanto que se vestissem com elegância. Uns poucos guardas bastavam para manter a ordem.