7 de nov. de 2011

A Praça Mauá






A Praça Mauá era de início um grande alagadiço - a Praia de Nossa Senhora, que depois ficou sendo conhecida como "Prainha" - o principal ancoradouro das embarcações que do fundo da Baía traziam alimentos para a cidade. A área circundante da Praça Mauá, ainda que muito descaracterizada devido às inúmeras interferências até em sua topografia, ainda assim guarda alguns poucos sítios históricos do século XVI. Atualmente apresenta uma curiosa mistura: de um lado um bairro de boates e inferninhos existentes graças à proximidade do porto do Rio de Janeiro e do outro, oferece o maravilhoso Mosteiro de São Bento, símbolo do Barroco e marco da ocupação da cidade. O nome da praça decorre de homenagem ao Barão de Mauá, ou Irineu Evangelista de Souza, o maior empresário brasileiro no tempo do Império. Aliás, no centro da praça, existe uma estátua do barão, que ali era proprietário de um trapiche (armazém) e de vários negócios ligados à área portuária. Um importante edifício da Praça Mauá, é o chamado edifício do jornal "A Noite", com vinte e dois andares e construído no final da década de 30, possuindo um estilo Art Déco com formas classicistas e simétricas, inspirado nos antigos prédios de Nova York. Este edifício era um dos pontos mais badalados da cidade, tornando-se o centro das atrações na época áurea do rádio quando lá passou a funcionar a Rádio Nacional a partir de 1936. Com o atual processo de revitalização, redefinição urbanística e reaproveitamento da antiga área portuária do Rio de Janeiro, a Praça Mauá entrará em evidência novamente pois, como parte desses esforços, será construído no Pier da Praça Mauá um Museu do Amanhã, ou Museu do Futuro, projeto do arquiteto e engenheiro espanhol, Santiago Calatravia.

2 de nov. de 2011

Banquete à moda brasileira


Foi o "costume bárbaro" que mais impressionou os europeus que aqui chegaram no século XVI... A morte ritualizada e a deglutição eucarística dos cativos representava o ponto culminante de uma cerimônia, cujo objetivo quase único era a vingança. A vítima era capturada no campo de batalha e pertencia àquele que primeiro a houvesse tocado; triunfalmente conduzida à aldeia do inimigo, era insultada por mulheres e crianças (tinha de gritar "eu, vossa comida, cheguei!"). Após essas agressões, porém, era bem tratada, podendo andar livremente - fugir era uma vergonha impensável. O cativo passava a usar uma corda presa ao pescoço: era o calendário que indicava o dia de sua execução - o qual podia prolongar-se por muitas luas (e até por vários anos). Na véspera da execução, ao amanhecer, o prisioneiro era banhado e depilado; mais tarde, o corpo da vítima era pintado de preto, untado com mel e recoberto com plumas e cascas de ovos, iniciando-se uma grande beberagem de cauim - um fermentado de mandioca. Na manhã seguinte, o carrasco avançava pelo pátio dançando e revirando os olhos. Parava em frente ao prisioneiro e perguntava: "Não pertences à nação nossa inimiga? Não mataste e devoraste nossos parentes?" Altiva, a vítima respondia: "Sim, sou muito valente, matei e devorei muitos." Replicava então o executor:"Agora estás em nosso poder, serás morto por mim e devorado por todos." Para a vítima esse era um momento glorioso, já que os índios brasileiros consideravam o estômago do inimigo a sepultura ideal. O carrasco desferia então um golpe de tacape na nuca; velhas recolhiam, numa cuia, o sangue e os miolos - o sangue deveria ser bebido ainda quente. A seguir o cadáver era assado e escaldado, para permitir a raspagem da pele, introduzindo-se um bastão no ânus para impedir a excreção. Os membros eram esquartejados e, depois de feita uma incisão na barriga, as crianças eram convidadas a devorar os intestinos. Língua e miolos eram destinados aos jovens; os adultos ficavam com a pele do crânio e as mulheres com os órgãos sexuais. As mães embebiam os bicos dos seios em sangue e amamentavam os bebês. Os ossos do morto eram preservados: o crânio, fincado em uma estaca, ficava exposto em frente à casa do vencedor; os dentes eram usados como colar e as tíbias tranformavam-se em flautas e apitos.

17 de out. de 2011

Casamento Real


Em 1760, José II, filho mais velho da imperatriz austríaca Maria Teresa, protagonizou com uma princesa italiana, Isabel de Parma, o enlace matrimonial mais luxuoso de que se tem notícia. Celebrado em Viena e apesar de haver contado com um grande desfile de carruagens e um concerto, teve como principal destaque o banquete realizado após as bodas e que foi retratado por Martin van Meytens, pintor da corte. Na cabeceira da mesa encontram-se a imperatriz e seu marido Francisco; junto a eles estão os noivos e demais membros da família real, únicos que poderiam desfrutar das delícias preparadas. Sobre a mesa, se dispõe uma vasilha de ouro maciço, presente da família da noiva (nessas ocasiões mostravam-se porcelanas muito valiosas e decoradas, utilizadas apenas para exibição e não para consumo). O serviço de mesa não estava a cargo dos criados reais e sim de membros da alta nobreza, que consideravam uma honra trabalharem como garçons ou copeiros (vários deles usam vestidos negros, de tradição espanhola, contrastando com com a moda francesa dos demais). A refeição era feita acompanhada por músicos que interpretavam a "Tafelmusik", música de mesa, sendo que a apresentação de cada prato era anunciada por um repique de sinos. Finalmente, quanto à assistência, era livre; os banquetes eram cerimônias públicas às quais podiam assistir praticamente qualquer cidadão, contanto que se vestissem com elegância. Uns poucos guardas bastavam para manter a ordem.

21 de set. de 2011

Mulheres de Roma: Messalina


Valéria Messalina, cujo nome transformou-se em sinônimo de "mulher lasciva e dissoluta em excesso", segundo definição do dicionário Aurélio, foi uma figura pérfida, capaz de grandes atrocidades. Quando morreu, aos 22 anos, tinha uma história abarrotada de escândalos marcados por sua ninfomania e obsessão pelo poder. Messalina nasceu em berço de ouro, no ano 24 da era cristã. Desfrutou de muitos privilégios e, na corte do imperador Calígula, fez sua escola em meio a um período da época romana marcada por derramamentos de sangue, numa atmosfera impregnada por perversões sexuais. Com 15 anos, Messalina conheceu Tibério Claudio Cesar, 35 anos mais velho e tio de Calígula. Era um homem sem prestígio e considerado apenas um aleijado disforme, apresentando sintomas de paralisia infantil. Proclamado imperador após a morte de Calígula, casou-se com Messalina: ele encantado com sua beleza e jovialidade, ela visando aliar-se a uma família poderosa. Já no começo do casamento, Messalina tinha uma espécie de time de amantes e sua vida desregrada era conhecida em toda Roma. Depois de diversos e rumorosos casos, apaixonou-se por um cônsul, Caio Cilio. Tendo contraído matrimônio com ele em uma cerimônia pública enquanto Claudio estava em Ostia (fontes divergem se antes teria havido o divórcio do imperador ou se sua intenção era usurpar o trono), Messalina estava ao lado da mãe escrevendo cartas de perdão ao imperador quando chegaram os guardas enviados para executá-la. Ainda tentou o suicídio cortando os pulsos com uma adaga, mas fracassou. Um centurião terminou o serviço apunhalando-a até a morte.

Recomendação do dia: O filme "Demetrius e os Gladiadores", onde Messalina é interpretada por Susan Hayward

27 de jul. de 2011

Guernica


Durante a Guerra Civil Espanhola, na tarde de 26 de abril de 1937, quarenta e cinco bombardeiros e caças da Legião Condor (composta por aviões italianos e alemães), atacaram a localidade de Guernica, passagem obrigatória das forças republicanas em retirada, mas com objetivos militares de pouca importância (apenas uma ponte, a estação ferroviária e uma pequena fábrica de armas leves). Técnicas de bombardeios de precisão ainda não eram dominadas e, como os aviões lançaram as bombas de grande altura, o povoado foi atingido, provocando um enorme incêndio que matou cerca de 300 pessoas e deixou um número ainda maior de feridos. A destruição da pequena cidade pôs a opinião pública internacional contra os franquistas. Formou-se uma comissão em Londres para investigar as responsabilidades e, em Berlim, o líder da Legião Condor negou ter atacado a cidade. O SIPM (serviço secreto de Franco) divulgou a versão de que a cidade havia sido dinamitada pelos próprios republicanos, apresentando inclusive os testemunho de prisioneiros. A comissão britânica aceitou esses testemunhos e afirmou que 71% das habitações haviam sido destruídas por incêndios gerados pelos republicanos e essa versão foi alardeada pela propaganda franquista para negar o famoso bombardeio. A utilidade dos serviços secretos, nesse caso, foi demonstrada à perfeição.

Recomendação do dia: Aprecie em 3D a obra-prima de Picasso sobre Guernica em http://www.youtube.com/watch?v=eKVCov-XFXw

30 de jun. de 2011

O Largo da Carioca








Nos tempos primitivos da cidade do Rio de Janeiro, existia uma lagoa (depois chamada de Santo Antonio) na qual vinham banhar-se índios mansos e beber a água bois de um curral existente ali perto. Esse local é hoje chamado de Largo da Carioca, cuja história está intimamente ligada ao Convento Santo Antonio. O Convento teve sua origem em uma pequena ermida nas margens da lagoa, que foi ocupada em 1592 pelos freis franciscanos. Para drenar a lagoa, os religiosos franciscanos abriram uma vala, cujo trajeto deu origem a uma nova via chamada Rua da Vala, atual Rua Uruguaiana. Em 1723 foi inaugurado no local o primeiro Chafariz da cidade, o Chafariz da Carioca, depois substituído por um outro, construído em 1750; após a lagoa ter sido drenada e aterrada, ambos passaram a ser abastecidos pelos aquedutos que vinham do Morro de Santa Teresa. Nos anos 50 do século XX, uma parte do Morro de Santo Antonio foi demolida para que fosse feito o Aterro do Flamengo, mas o setor onde estava localizado o Convento e as igrejas foi preservado. Grandes modificações foram feitas durante a década de 70, quando quase todos os antigos prédios que rodeavam o largo foram demolidos. O subsolo do Largo é agora ocupado por uma das maiores estações do metrô da cidade. Todo o trânsito de carros foi suprimido e o Largo hoje é reservado para pedestres. O Mosteiro e a Igreja de Santo Antônio têm sido bem conservados ao longo dos séculos, permanecendo no que restou do antigo Morro de Santo Antônio, hoje quase totalmente demolido.

24 de jun. de 2011

O Imperador Filósofo


O imperador Marco Aurelio foi ao mesmo tempo um governante exemplar (tendo posto à prova seus dotes militares frente aos numerosos inimigos que ameaçavam as fronteiras do império, desde a Partia até a Germânia) e um filósofo, que em sua obra "Meditações", escrita durante suas campanhas, nos revela seus pensamentos mais íntimos. Nos retratos antigos de Marco Aurelio, conhecemos bem seus traços: cabelos crespos, expressão melancólica, barba cerrada, apropriada aos filósofos e atitude resoluta. Em uma das máximas escritas em seu livro, conclui: "É ridículo não tentar evitar sua própria maldade, pois isso é possível, assim como é ridículo tentar evitar a maldade alheia, pois isso é impossível". Enfermo de peste, Marco Aurelio morreu em 17 de março de 180, aos 58 anos, em sua tenda às margens do rio Danúbio, durante uma de suas campanhas contra os bárbaros. Em seu último discurso, despediu-se dos generais e delegou o comando supremo a seu único filho homem - Cômodo - que, esquecendo o exemplo do pai, rapidamente se converteu em um déspota cruel e fanático pelos jogos do circo.

17 de jun. de 2011

Sinos


Herdado dos portugueses, o hábito de fazer ecoar os sinos para marcar acontecimentos importantes virou rotina nas cidades do período colonial. Os sinos e os relógios das igrejas alardeavam incêndios e davam o "Toque do Aragão", que anunciava a todos a hora de se recolher para suas casas. Na época, muitos ganhavam a vida como sineiros. Para anunciar o nascimento dos filhos de gente rica e abastada, pagava-se quatro vinténs e meia pataca. Se a criança fosse do sexo masculino, o sino da matriz ecoava nove vezes; já para o nascimento das meninas, os sineiros davam sete badaladas.

(Na foto, a Igreja de São Francisco de Paula, no Rio de Janeiro, em aproximadamente 1893 ou 1894. Vista tomada provavelmente da rua do Cano (atual Sete de Setembro). Em primeiro plano, telhados do casario, destacando-se a fachada de fundos da igreja (erguida entre 1759 e 1802).

12 de jun. de 2011

A Morte de Napoleão


A versão oficial da morte de Napoleão, baseada numa autópsia, é de que o imperador morreu no dia cinco de maio de 1821, aos 51 anos, devido a um câncer no estômago, exilado na Ilha da Santa Helena. Uma outra versão, conhecida como teoria da conspiração, diz que Napoleão teria sido envenenado pelos britânicos ou pelo seu confidente, o conde Charles de Montholon, que teria sido pago por franceses temerosos do retorno de Napoleão a Paris. A evidência científica da teoria da conspiração se baseia numa análise química feita em 2001 numa mecha de cabelos que teria sido recolhida após a morte de Napoleão. A análise registra traços de arsênio. Há uma lenda que diz que Napoleão foi enterrado sem o pênis, amputado horas depois de sua morte. Depois de 170 anos a relíquia apareceu nos Estados Unidos, guardada por John Lattimer, professor de Urologia da Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque. A amputação teria sido feita pelo médico francês Francesco Antommarchi, despachado para Santa Helena para cuidar do mal que acabou por matar Napoleão. Antommarchi, um anatomista que pouco entendia de doenças, irritou o intempestivo corso, que o recebia a cusparadas e insultos. "Foi a vingança do médico", disse Lattimer. Embora seja provável, não está provado que tenha sido o médico que fez a autópsia, Dr. Francesco Antommarchi, a subtrair o órgão genital de Napoleão. Na sala estavam presentes dezessete testemunhas, sete médicos ingleses, duas criadas de Napoleão, um padre de nome Vignali e ainda um servo árabe de nome Ali. Haveria, portanto, 29 suspeitos. Embora os rumores persistam até os dias de hoje, a tal amputação nunca foi comprovada.

2 de jun. de 2011

O Porto do Rio de Janeiro






Após ser descoberta pelos membros da expedição exploradora portuguesa de 1501, que a confundiram com a foz de um grande rio, denominado como "Rio de Janeiro", a Baía de Guanabara tornou-se o principal acesso à cidade do Rio de Janeiro durante séculos. No século XVIII, com o desenvolvimento da mineração, o Porto do Rio de Janeiro tornou-se o principal centro exportador e importador para as vilas de Minas Gerais, por onde saíam ouro e diamantes e entravam escravos e manufaturados, entre outros produtos. A partir de meados do século XIX, começaram a surgir planos de melhoramentos do porto para atender as necessidades sempre crescentes do seu comércio, tendo as obras sido iniciadas em 1889. Os jornais de 1904 descreveram o Porto do Rio de Janeiro como um sonho, o símbolo do renascimento da cidade. As obras transformaram o Rio, com a demolição de pelo menos três morros do Centro, o aterro de 1,7 milhão de metros quadrados da Baía de Guanabara e o prolongamento do Canal do Mangue. Passados cem anos do início da construção, o mesmo porto que nasceu como o ancoradouro mais importante da América Latina, transformou-se num gigante estrangulado pela explosão urbana e sucateado pela histórica falta de investimentos.

29 de mai. de 2011

O Entrudo


Avô e pai do carnaval, o entrudo era festejado antes de Cristo para comemorar a chegada da primavera. No Brasil foi alvo de críticas desde os tempos coloniais, devido ao seu espírito perturbador da ordem, tendo sido proibido várias vezes. Tais medidas, entretanto, eram inoperantes, pois ele continuava soberano como divertimento. Se dentro das casas senhoriais dos principais centros urbanos caracterizava-se pelo caráter delicado e pela presença dos limões de cheiro que os jovens lançavam entre si com o intuito de estabelecer laços sociais mais intensos entre as famílias, nas ruas era uma brincadeira violenta e grosseira, que tinha como principais atores escravos e a população de rua, sendo caracterizado pelo lançamento mútuo de todo tipo de líquidos (até sêmem ou urina) que estivessem disponíveis. Na segunda metade do século XIX uma campanha acirrada foi deflagrada contra o entrudo, vislumbrando o aceleramento das mudanças no modo de vida da sociedade brasileira. A escolha inicial das festas de carnaval que substituiriam o entrudo foi influenciada pelos que frequentavam teatros, óperas e salões. Carnaval para a elite passou a ser sinônimo de luxo, danças, cantos, banquetes, músicas e, especialmente, máscaras. Os bailes de máscaras constituíram-se, a partir de então, no grande ideal de carnaval no Brasil, em meados do século XIX. Já o entrudo praticamente desapareceu, porém é ainda hoje praticado durante o carnaval na cidade de Arraias (TO), onde uma singela placa alardeia: " Entrada franca! Basta um balde de água para molhar os foliões!"

26 de mai. de 2011

O Segredo de Michelangelo


Pesquisadores acreditam ter desvendado um mistério de quase 500 anos, envolvendo uma das obras mais conhecidas de Michelangelo. Eles afirmam que os afrescos da Capela Sistina, no Vaticano, escondem partes do corpo humano dissecadas pelo mestre do Renascimento. A primeira pergunta a ser feita é: por que o pintor italiano faria isso? Para responder, precisamos voltar ao século 16, época em que o Renascimento dirigia as atenções da ciência e das artes para o homem fazendo com que, entre outras coisas, o corpo humano passasse a ser estudado com mais interesse. A dissecação de cadáveres – condenada pela Igreja – era uma prática disseminada tanto entre médicos e pensadores quanto entre pintores e escultores. Michelangelo era um deles (ao lado de Leonardo da Vinci, Rafael, Luca Signorelli e Andrea Verocchio). Realizava experiências com cadáveres em seu próprio estúdio com tanta freqüência que chegou a ser convidado por Realdo Colombo, um dos médicos mais famosos de seu tempo, para ilustrar um completo manual anatômico que não chegou a ser realizado. “O humanismo era o código de conduta da época. E esconder um cérebro na figura de Deus criando o homem, bem sobre as cabeças coroadas de bispos e do próprio papa, seria uma ironia típica do gênio de Michelangelo”, diz o historiador italiano Agostino Giovanelli, da Universidade Católica de Milão.

Recomendação do dia: Faça uma visita virtual em 3D à Capela Sistina em http://www.vatican.va/various/cappelle/sistina_vr/index.html

23 de mai. de 2011

A Santa Inquisição


França, Orleans, 1022. Para quem considerava a Igreja dispensável e acreditava que o Reino de Deus estaria no coração de cada um, foi dado um recado: organizou-se ali o primeiro grande Tribunal Público Medieval contra a heresia. Nas temidas cortes da Inquisição, a acusação era sinônimo de condenação e a condenação uma sentença de morte das mais variadas; flageladas e mutiladas pelos torturadores, a carne dilacerada e os ossos quebrados, as vítimas confessavam coisas absurdas; os que tivessem sorte seriam decapitados ou mortos de maneira relativamente mais humana; os azarados, queimados vivos e em fogueira de madeira verde para que a agonia se prolongasse. Os inquisidores estavam ali enquanto o fogo martirizava a vítima, e incitavam-na, piedosamente, a aceitar os ensinamentos da "Igreja" em cujo nome ela estava sendo tratada tão "misericordiosamente". Para que houvesse um contraste com a tortura pelo fogo, também praticavam a da água: “Amarrando as mãos e os pés do prisioneiro com uma corda trancada que lhe penetrava nas carnes e nos tendões, abriam a boca da vítima a força despejando dentro dela água até que chegasse ao ponto de sufocação ou confissão...” Foi uma verdadeira passagem de terror, que durou aproximadamente 300 anos ceifando a vida de milhares de inocentes que não tiveram nem a opção de lutar pela sua própria liberdade de expressão. Esse frenesi de ódio e homicídio alastrou-se como fogo em diversos lugares incendiando a vida civilizada; França, Itália, Alemanha, Espanha, Países Baixos, Inglaterra, e por um breve período, saltaria o Atlântico inflamando até o Novo Mundo.

9 de mai. de 2011

Os Arcos da Lapa







"Cada capital da Europa possui um monumento célebre que imprime à cidade um caráter próprio. No Rio de Janeiro, é o Aqueduto da Carioca, com sua ordem de arcadas, sua aparência de construção romana, sua forma elegante e graciosa que de todos os lados a vista procura...".

A declaração do historiador francês Ferdinand Denis refere-se a um dos principais símbolos da cidade do Rio de Janeiro – o Aqueduto da Carioca, popularmente conhecido como Arcos da Lapa. Promovida pelo governador Ayres Saldanha e considerada a mais importante obra do Rio de Janeiro colonial, o Aqueduto da Carioca foi construído em 1723 e tinha como objetivo levar as águas do rio Carioca até o Largo da Carioca, sanando o problema de falta de água na cidade. A água abastecia o famoso chafariz do Largo da Carioca, que passou a ser ponto de encontro de escravos e mercantes, e centro da vida urbana da época. A imponente construção em estilo romano, com 17,6 m de altura e 270 m de extensão, e 42 arcos que ligam o Morro do Desterro (atual bairro de Santa Teresa) ao Morro de Santo Antônio, logo estava em ruínas. Foi reformada em 1744, pelo governador Gomes Freire de Andrada, que lhes proporcionou maior solidez. No Século XIX, o aqueduto tornou-se obsoleto e foi desativado, passando (em 1896) a ser utilizado como viaduto de acesso dos bondes de Santa Teresa - único sistema de bondes ainda existente no Rio, que imprime ao bairro um aspecto peculiar e histórico.

30 de abr. de 2011

A Besta de Omaha



Para o soldado alemão Hein Severloh, o “mais longo dos dias” foi atirar com uma metralhadora por cerca de nove horas, sem intervalo, em soldados que desembarcavam na praia de Omaha, o setor americano do Dia D. Severloh estava seguro em um quase impenetrável bunker de concreto observando a praia. Sua visão das forças aliadas que desembarcavam estava totalmente desimpedida de obstáculos. Ele foi o último soldado alemão disparar um tiro na praia e estima-se que foi responsável por mais de 3.000 mortos ou feridos norte-americanos, quase três quartos de todas as baixas aliadas em Omaha Beach. Os ianques o chamaram de “A Besta de Omaha”... Então com 20 anos, o jovem soldado alemão engasgou quando viu o oceano. Ele enxergava uma muralha de navios aliados. “Meu Deus, como vou sair dessa?”, pensou. Hoje suas vítimas encontram-se enterradas no cemitério americano acima da praia francesa. O feito de Severloh no Dia D era considerado como confidencial pela Wehrmacht; hoje ele é um frágil e respeitado pensionista de 81 anos que vive em uma fazenda na vila de Metzingen, perto de Hamburgo. Diz não ter se recuperado dos sofrimentos que a guerra lhe provocou: " Não achei que sairia vivo de lá... Lutei pela minha vida... Eram eles ou eu, foi o que pensei."

28 de abr. de 2011

Câncer na Pré-história

Quando escavaram uma colina de sepultamento na região russa de Tuva, há aproximadamente dez anos, os arqueólogos literalmente encontraram ouro. Encurvados no chão de uma sala interna havia dois esqueletos, um homem e uma mulher, cercados por indumentárias reais de 27 séculos atrás: toucas e mantos adornados com imagens de ouro de cavalos, panteras e outros animais sagrados. Mas para os paleopatologistas - estudiosos das doenças antigas -, o tesouro mais rico era a abundância de tumores em praticamente todos os ossos do corpo masculino. O diagnóstico: o caso de câncer na próstata mais antigo de que se tem notícia. Frequentemente considerado uma doença moderna, o câncer sempre esteve conosco. Onde os cientistas discordam é sobre o quanto ele foi amplificado pelos doces e amargos frutos da civilização. Ao longo das décadas, arqueólogos descobriram cerca de 200 casos possíveis de câncer datando de tempos pré-históricos. "Não existem razões para achar que o câncer é uma doença nova", disse Robert A. Weinberg, um pesquisador de câncer do Instituto Whitehead de Pesquisa Biomédica, em Cambridge, Massachusetts, e autor do livro didático "A Biologia do Câncer". "Em tempos passados, a doença era menos comum porque as pessoas acabavam morrendo cedo, por outros motivos".

17 de abr. de 2011

A Quinta da Boa Vista






Negociante atacadista de muita iniciativa, enriquecido no tempo em que o comércio exterior do Brasil era monopólio da Metrópole, pôde Elias Antônio Lopes dar-se ao luxo de construir para o seu descanso uma casa-quinta. O terreno escolhido ficava numa elevação que se estendia das margens do rio Maracanã ao mar, entre a enseada de São Cristóvão e de Inhaúma, chamado Quinta da Boa Vista. Com a chegada da Família Real, Elias doou a sua propriedade a D. João VI transformando-a em residência do monarca. Para acomoda-lo, o casarão da Quinta, mesmo sendo vasto e confortável, precisava ser adaptado como residência real. Assim, passou por considerável reforma realizada por um arquiteto inglês; mais tarde, D. Pedro I manda fazer nova reforma e ampliação, adquirindo a chácara vizinha à Quinta. Após o casamento em 1817, D. Pedro e D. Leopoldina passam a residir na Quinta da Boa Vista. Também na Quinta cresceu e foi educado D. Pedro II promovendo várias reformas na propriedade, inclusive reformando e embelezando seus jardins, num projeto do paisagista francês Glaziou, em muito ainda preservado. Com o advento da República, a Quinta, após sediar a Constituinte de 1891, foi transformada em 1893 no Museu Nacional, transferido do Campo de Santana. Atualmente, a Quinta da Boa Vista funciona como um parque, abrigando o Jardim Zoológico da Cidade, o Museu da Fauna e, no palácio, o Museu Nacional, administrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

16 de abr. de 2011

Vida de Professor

Na véspera de uma prova, 4 alunos resolveram chutar o balde: iriam viajar.

Faltaram à prova e então resolveram dar um "jeitinho". Voltaram à escola na terça, sendo que a prova havia ocorrido na segunda. Então dirigiram-se ao professor:

- Professor, fomos viajar, o pneu furou, não conseguimos consertá-lo, tivemos mil problemas e, por conta disso tudo, nos atrasamos mas gostaríamos de fazer a prova.

O professor, sempre compreensivo:

- Claro, vocês podem fazer a prova hoje à tarde, após o almoço.

E assim foi feito. Os rapazes correram para casa e se racharam de tanto estudar, na medida do possível. Na hora da prova, o professor colocou cada aluno em uma sala diferente e entregou a prova:

- Primeira pergunta, valendo 1 ponto: "Dê a definição de Mercantilismo".

Os quatro ficaram contentes pois haviam estudado o assunto. Pensaram que a prova seria muito fácil e que haviam conseguido se "dar bem". Mas aí veio a segunda pergunta:

- Valendo 9 pontos: "Qual dos quatro pneus furou?"

7 de abr. de 2011

O Primeiro Homossexual?


Cientistas tchecos escavaram o que acreditam ser o esqueleto de um homem pré-histórico homossexual ou transexual que viveu entre 4.500 e 5.000 anos atrás. A equipe de pesquisadores da Sociedade Arqueológica Tcheca constatou que os restos --retirados de um sítio arqueológico neolítico em Praga-- indicam que o indivíduo, de sexo masculino, foi enterrado segundo ritos normalmente destinados às mulheres. Os restos são de um membro da cultura da cerâmica cordada, que viveu no norte da Europa na idade da Pedra, entre 2.500 a.C. e 2.900 a.C. Neste tipo de cultura, os homens normalmente são enterrados sobre o seu lado direito, com a cabeça virada para o oeste, juntamente com ferramentas, armas, comida e bebidas. As mulheres, normalmente sobre o seu lado esquerdo, viradas para o leste e rodeada de jóias e objetos de uso doméstico. O esqueleto foi enterrado sobre o seu lado esquerdo, com a cabeça apontando para o oeste e cercado de objetos de uso doméstico, como vasos. "A partir de conhecimentos históricos e etnológicos, sabemos que os povos neste período levavam muito a sério os rituais funerários, portanto é improvável que esta posição fosse um erro", disse a coordenadora da pesquisa, Kamila Remisova Vesinova. "É mais provável que ele tenha tido uma orientação sexual diferente."

26 de mar. de 2011

O Tomate


A história do tomate é cheia de rumores, boatos e especulações, mas uma coisa é certa: essa fruta vermelha favorita de muita gente (sim, o tomate é uma fruta) não tem sua origem na Itália. Apesar do fato de ser um ingrediente essencial para massas, pizzas e saladas, o tomate é originário do México e da América Central. O tomate em sua forma original, no entanto, não tinha nada a ver com esse globo vermelho que nós conhecemos e adoramos hoje em dia. Tratava-se de uma pequena fruta perfumada (imagine algo como o tomate cereja) que os grupos nativos americanos combinavam com “ahi”, um tipo de pimenta para fazer um molho bem temperado. Os colonizadores, entretanto, acreditavam que o tomate era venenoso e nenhum ascendente europeu se atreveu a comer a fruta até o início do século XIX - com medo de morrer. Apenas os italianos imediatamente viram algo especial no tomate e, embora em um primeiro momento eles tenham usado a fruta para fins medicinais, acabaram consumindo tomate na forma de molho, por volta do século XVI. Levou mais de 100 anos para que o resto do continente europeu pegasse “gosto” pela fruta, mas na mesma época em que os americanos estavam apenas começando a experimentar o tomate, os franceses e ingleses já o consumiam com vigor, sendo que parte da popularidade da fruta se deve ao aumento dos alimentos enlatados. Hoje o tomate é um dos alimentos mais consumidos e mais de 1 bilhão e meio de toneladas são cultivadas e vendidas ao redor do mundo anualmente – isso é algo impressionante para uma fruta que até um século atrás provocava medo nas pessoas.

12 de mar. de 2011

A Praça XV










No início do século XVII, quando o Morro do Castelo começou a ser pequeno para a cidade do Rio de Janeiro, esta lançou-se para a Várzea, onde já existia uma capela, erguida para Nossa Senhora do Ó, localizada numa área muito pantanosa que passou a ser conhecida como Terreiro do Ó. Posteriormente o local passou a chamar-se Terreiro da Polé, porque nele foi instalado o tronco, instrumento de tortura para castigar os negros. Ficou também conhecido como Largo ou Rossio do Carmo, já que ficava em frente ao Convento do Carmo e, em seguida, como Largo do Paço, pois nele estava localizada a casa que foi o Paço dos Governadores, Paço dos Vice-Reis, Paço Real e Paço Imperial. Com a Proclamação da República, em 1889 passou a ser a Praça XV de Novembro, sofrendo uma reforma em 1894 para um novo ajardinamento e a inauguração da Estátua do General Osório. Na Praça ficava o antigo Porto do Rio, com o Cais Pharoux. Além do Paço, fazem parte do conjunto da Praça XV, o Arco do Telles, a Bolsa de Valores, o Chafariz da Pirâmide e a Estação das Barcas, de onde partem as barcas, os aerobarcos e os catamarãs que fazem o transporte de passageiros pela Baía de Guanabara, para Niterói, Paquetá e Ilha do Governador. Em 1998 a Praça foi completamente remodelada ganhando um subterrâneo por onde passam os ônibus e foi restaurado o Chafariz da Pirâmide, juntamente com um pedaço do antigo cais. Ao fundo da Praça, mas já pertencendo à Rua Primeiro de Março, existe ainda o importante conjunto arquitetônico formado pelo antigo Convento e pela Igreja do Noviciato do Carmo que foi a Catedral Metropolitana até mudar-se para a Av. Chile e pela Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo.